domingo, 12 de junho de 2011

Flores e Vinhos em Saint Emilion

Se em Bordeaux a cada 3 passos encontra-se uma loja de vinhos (ou de queijos, ou de queijos e vinhos), em Saint Emi encontra-se a cada 2 passos. É praticamente só que existe na cidade.







Fomos a uma delas para uma degustação (parte do tour), e o mais legal foi ver o carinha que trabalha na loja (Bastien) explicando as coisas para nós. É fantástico ver alguém apaixonado pelo que faz, e esse era o caso do Bastien. Ele descrevia, testava e nos oferecia os vinhos com um entusiasmo muito grande, sem ser pernóstico ou enochato cheio de texturas de sei lá o quê e "uma nota de suor de cavalo" ao fundo, como outros que já vi. Estava super entusiasmado pois tinha bebido na véspera uma garrafa de um vinho xpto de 1975 que era super especial, e nos apresentou uns 5 ou 6 vinhos. Fico meio tímida de dizer que o vinho mais "tranchanchan" de todos que ele ofereceu eu não curti muito não, e que na terra do Merlot os vinhos que gostei mais foram brancos ! Um seco e um mais doce, que por sinal me surpreendeu demais já que normalmente não gosto de vinho doce. Saí de lá sem comprar nada (não era meu objetivo, embora valesse muito a pena em termos de $$$, e eles despacham para o Brasil), mas foram 40 minutos divertidos.

De resto flagrantes das flores de Saint Emi. Momento primavera, ainda mais brilhante depois da degustação de vinhos :)










Nota final : para quem quiser combinar uma ida a Saint Emi com uma visita a um dos chateaux, ou para aqueles que quiserem visitar chateaux do Médoc - se for por conta própria (ou seja, sem tour), ligue para os chateaux antes. Eles só recebem com visita programada, não é só chegar lá não :). Os sites dos escritórios de turismos todos têm as informações de contato, e qualquer coisa é só mandar email - interagi com vários escritórios de turismo frances e todos foram super prestativos.

No próximo post, vamos para a Dordogne, mais exatamente para Sarlat. Mas isso depois de uma viagem de trem surreal !

Passeando por Saint Emilion

Saint Emilion (ou Saint Emi) é uma gracinha de cidade. Pequena, e disposta numa colina (sempre), cheia de ruas e pracinhas medievais. O nome da cidade já é curioso, dado que até onde entendi o tal Emilion não era exatamente um santo, mas sim um monge que chegou ali no século VIII e iniciou o comércio de vinhos na região - pelo menos foi o que a guia explicou, e a wikipedia confirma :))). A cidade inteira é patrimônio da UNESCO.




 Abaixo, as portas de entrada para as três naves da igreja monolítica, na qual infelizmente não foi possível entrar no horário em que estivemos por lá - li que o escritório de turismo local organiza tours em horários específicos. Deve ser o bicho, uma igreja inteira esculpida a partir de uma única pedra. Muito embora agora esteja um pouco prejudicada, pois tiveram que colocar ferros para sustentar o teto da igreja e evitar que ela desabe. Isto por que alguns séculos depois de pronta a igreja monolítica construíram essa torre que aparece nas fotos em cima da igreja, sem pensar no impacto que as 3000 toneladas da torre causaria. Mas aparentemente depois de muita restauração nos últimos anos, está tudo certo com a igreja monolítica.


Continuando o passeio, mais takes de Saint Emilion, suas praças e ruas... uma cidadezinha deliciosa

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E, para fechar, o visual desde o alto da cidade, com os vinhedos ao redor.




A seguir, flores e vinhos em Saint Emilion.

Rumo a Saint Emilion

Numa das nossas manhãs em Bordeaux resolvemos ir a Saint Emilion. Fica a 40 minutos de carro, e era a chance de numa única tacada fazermos uma visita a uma cidadezinha medieval e um passeio pelos vinhedos da região. Fomos no escritório de turismo e contratamos uma excursão, por coincidência organizada pela mesma empresa de turismo que contratei desde aqui do Brasil para as nossas excursões saindo de Sarlat e Toulouse - a Ophorus (www.ophorus.com). Recomendo para quem estiver viajando sem carro, como era o nosso caso. Os tours deles têm no máximo 8 pessoas, e os guias são bons. Para Saint Emilion cheguei a cogitar a ir por conta própria de trem, mas ao descobrir que a estação ficava a 2km da cidade (com imensa probabilidade do caminho para a cidade ser ladeira acima) resolvi ir no tour mesmo.

Valeu muito a pena, estava um dia bonito e fomos por estradas no meio dos vinhedos, passando por um chateau ou outro de vez em quando e aprendendo um pouco sobre os vinhos da região. Importante esclarecer que no meu caso "aprender sobre os vinhos da região" equivale a aprender qualquer coisa - muito longe de ser uma especialista, fico no branco/tinto/rosé, seco/doce, gosto/não gosto, sem muita ciência. Mas enfim, aprendi que em Saint Emillion os vinhos via de regra são blended (com mais de um tipo de uva), e mais "carregados" da uva Merlot (da qual não sou muito fã, mas corre o risco de não ter experimentado os Merlots certos :)), enquanto os da região do Médoc tem mais cabernet sauvignon em sua composição. Também aprendi que em Saint Emilion os terrenos são muito menores do que do Médoc (algo como 8 a 15 km2 contra 45 - 60km2), fazendo com que Saint Emilion tenha um grande número de chateaux. Muitos mesmo, mas bem poucos (algo como uns 11) são os the best of, sendo que somente 3 estão no top top.







Não anotei o nome do chateauzinho da foto, não era nenhum extremamente relevante em se falando de vinhos - só era pitoresco, e por isso paramos :). Sobre as rosas, uma curiosidade que eu por acaso já conhecia, mas compartilho com quem não conhece : plantava-se sempre rosas junto das vinhas porque via de regra as pragas atacam as rosas antes - ou seja, as rosas eram mais ou menos um "pelotão avançado". Hoje com toda tecnologia e cuidados ninguém mais fica dependendo das rosas, mas continuam plantando-as pela tradição. E porque, convenhamos, é bonito !

No próximo post, Saint Emilion, flores e vinhos.

Comendo e Bebendo em Bordeaux - Dois "snacks" e um banquete !

Desnecessário dizer que em Bordeaux come-se muito bem e bebe-se melhor ainda, certo ? Além das inúmeras lojas de queijos e vinhos e delicatessens em geral, encontra-se algumas surpresas como esse nada franceses (mas deliciosos) scones de queijo, numa casa de chá muito simpática no fundo de uma galeria.


Ou, ainda, uma galette sensacional, de salsicha defumada, mostarda ancienne (a escura) e queijo emmental, que comemos numa creperie super charmosa chamada La Fromentine (4, rue du pas saint georges) , pertinho da place du Parlement Saint Pierre. Galette, pra quem não sabe, é basicamente um crepe salgado só que via de regra leva farinha de trigo integral na massa.


 Mas, lógico, ainda faltava "a" grande refeição. Então lá fomos nós almoçar no La Tupina (http://www.latupina.com/pages-en/index.php), que nas minhas pesquisas antes da viagem apareceu como um dos melhores restaurantes da cidade, e uma ótima introdução à cozinha do sudoeste da França.


Fomos no almoço atrás do prix fix menu, que, garantiam as reviews todas que li, nos permitiria um verdadeiro banquete a um custo razoável. Como não tínhamos reserva, chegamos cedo, e tudo deu certo.O ambiente é super gostoso (vejam as fotos no site), o atendimento 10, e a comida nem te conto... fui num menu que acho que custou 35 euros (tinham outros mais em conta), três pratos e três taças de vinho pra harmonizar - MA-RA-VI-LHO-SO. Vamos aos detalhes...

Abrindo os trabalhos, a vedete da culinária desta área do país - o totalmente ecologicamente incorreto mas fantasicamente delicioso foie gras. Delicia, junto com a primeira tacinha de vinho - não reclamem, mas não fiquei anotando nome do vinho, sorry. Me entreguei nas mãos da menina que nos atendeu, e ela trouxe o que achou melhor para cada prato. E, devo dizer, acertou na mosca em todas as escolhas.

 
2o round, confit du canard. Aqui cabe uma explicaçãozinha, pois eu mesma me familiarizei com o referido confit só nas preparações pra viagem. Nunca fui fã de pato, sempre que comi tinha a sensação que era um frango que não tinha dado certo, uma carne dura... Mas como sempre (ou quase sempre) que viajo, me desprendi dos preconceitos todos (ou de quase todos) no aeroporto, e resolvi experimentar de novo. O tal confit é o seguinte : coxa de pato marinada no tempero e cozida lentamente na própria gordura do pato. Lentamente mesmo, tipo 2 ou 3h porque a gordura não pode ferver. Depois de cozida, coloca-se a coxa num potinho com a gordura junto, e geladeira - por vários dias. Aqui tem uma explicação mais, digamos, precisa do processo todo para quem se interessar : http://www.thecitycook.com/cooking/advice/general/000032.


O confit estava um espetáculo, tenro, super saboroso. Logicamente é uma tonelada de gordura (assim como o coleguinha foie gras, né ?) e para mim é um dos maiores exemplos do tal "French Paradox" : como podem os franceses comerem tanta gordura e ainda assim são terem uma alta incidência de doenças coronárias ? Deve ser o vinho :)

Pra fechar, um gateau de chocolate divino, que ficou ainda melhor com o vinho que veio junto.


Um almoço que durou algumas horas, e foi inesquecível. Próxima parada, Saint Emillion.

sábado, 4 de junho de 2011

Les Capus, Bordeaux

O Marché des Capucins, conhecido como Les Capus pelos locais, é definitivamente o principal de Bordeaux. É diário, e fonte para abastacer os principais restaurantes da cidade. Dizem que o mais bacana (como sempre) é ir no sábado de manhã - não foi possível porque estivemos em Brodeaux no meio da semana, mas mesmo numa 4a feira foi muito bom !


Entrando no mercado... aspargos estavam em super-destaque em todos os mercados em que estivemos. E atenção às uvas !


Tomates, cogumelos, todos as variações de cebola - uma festa para os olhos :)





E as frutas ? Cerejas e morangos eram as estrelas absolutas.


E, como em todo bom mercado...queijos e toda a parte de charcuterie, frios e embutidos. Tudo de bom.





Enfim, uma manhã muito agradável, mercado movimentado :)