Zagreb (pronuncia-se Zágreb, ênfase na primeira sílaba) é uma cidade estranha, me deixou impressões mistas. Capital da Croácia, meio metidinha a Vienna, com um povo um pouquinho besta que acha que quem vive na Dalmacia (a parte do litoral sul, para qual fomos depois) não quer nada com trabalho,
A Croácia é um país em transição, e Zagreb é a prova disso. Querem estar na União Européia (como está a Eslovênia), mas ainda não estão. Querem ser centro turístico com infraestrutura e preço de Europa Ocidental, mas ainda não estão preparados. Querem ser totalmente capitalistas, mas o espírito socialista ainda está muito presente, como viremos em algumas situações que conto a seguir. Importante lembrar que, ao contrário da turma da Dalmacia e de outras ex-repúblicas iugoslavas (como Servia e Bosnia), quem mora em Zagreb não viveu a guerra que transformou o país. É mais uma das culturas entre tantas outras por essas bandas.
Pessoalmente preferi o povo do sul – mais simpático, mas acolhedor. Mas depois de uma primeira impressão ruim aprendi a gostar de Zagreb, e valeu ter visitado a cidade.
Chegamos na estação de trem no meio da manhã, depois de 3h de uma viagem tranquila desde Ljulbljana. Depois de um certo halterofilismo de malas na estação (descer uma escada e subir outra sem uma esteririnha rolante como a que existia em Lju), fui trocar dinheiro (moeda local : kuna) e perguntar pra senhora que atendia no quisque de Informações Turísticas quanto custaria um táxi até o hotel. Resposta : é perto, vá a pé. Pacientemente, expliquei que estava carregando malas, e não era tão perto assim. Nova resposta : é perto, vá a pé. Se não quiser ir à pé, pegue o ônibus 18. Táxi custa muito caro.
Lá fomos nós a pé, uns bons 20 min debaixo de sol. Passamos por umas praças muito bonitas, a cidade é muito arborizada, mas o exercício com as malas não nos deixou aproveitar muito e confesso que por duas ou três vezes xinguei a maldita socialista da estação de trem. Fizemos checkin no Hotel Dubrovnik, pertinho do centro da cidade. Muito bem localizado, quartos ok, café da manhã mais ou menos. Cumpriu o objetivo.
Simplificando, a parte principal de Zagreb se divide em duas áreas : a cidade superior (colina acima) e a cidade inferior. Nosso passeio pela cidade superior começou com a subida da ladeira que leva até a catedral da cidade. Chegamos por lá na hora da missa, e a catedral estava absolutamente LOTADA, muito bonita por dentro. Na foto abaixo vê-se também a torre da Igreja de Santa Maria.
Pertinho da catedral, fica a Igreja de São Francisco, que por sinal também transbordava de gente na hora da missa. Povo muito católico.
Virando à esquerda a partir da praça da catedral, e separado da Trg Bana Jalecica fica um dos lugares mais legais de Zagreb, o mercado – chamado por eles de Dolac. O mercado é montado e desmontado todos os dias, funciona até mais ou menos três da tarde. Além das barraquinhas com o guarda-chuva vermelho que são um dos símbolos da cidade (junto com o coraçãozinho feito de bolo de gengibre), o mercado tem também uma parte subterrânea, que vende principalmente carnes. Andar pelo Dolac é muito bacana, e ótima oportunidade para people watching e fotos.
Falando em people watching, esse é um dos “esportes” preferidos em Zagreb. A cidade tem toneladas de cafés, e nessa época as calçadas são tomadas por mesas que estão sempre cheias. Como Zagreb não é exatamente um centro turístico, são os locais mesmo que lotam os cafés. Não consegui descobrir a hora em que eles trabalham, mas tudo bem. A rua “point” da cidade, com um café a cada passo, é a Tkalciceva.
Estar num café ou em em alguns dos restaurantes de Zagreb é no mínimo curioso. Você entra, senta e…nada acontece. Se o garçom está tomando café ou fumando (e como fumam !), assim ele continuará até terminar. Servir não faz parte da cultura, e é mais um dos pontos a serem adaptados caso Zagreb queira mesmo se transformar num destino turístico. Uma vez que você tenha conseguido atrair a atenção do garçom e pedir o que quer, é bastante agradável curtir a paisagem ;)
Ainda na cidade alta passamos pela Igreja de São Marcos, cartão postal famoso da cidade.
Uma escultura em forma de ovo ainda celebrava a Páscoa, que tinha ocorrido há algumas semanas.
Na descida da cidade alta, bem na entrada do funicular, fica a torre com o canhão que dispara todo dia ao meio-dia. Tivemos a idéia cretina de esperar o disparo bem EMBAIXO da torre, o que deixou nossa audição prejudicada por algumas horas.
Na parte baixa da cidade, nada muito digno de nota. Algumas praças bonitas, museus (não entramos) e um jardim botânico simpático. No próximo post, Samobor, uma cidade pertinho de Zagreb onde fomos almoçar.
Horácia,
ResponderExcluirAlém de ser ótima documentando suas aventuras, vc faz fotos lindas !