quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Abu Simbel (07/10)

Encontramos nosso guia no hotel às 10h, já tendo tomado café da manhã e feito o check-out. Deixamos nossas malas grandes aqui (já que voltaríamos no dia seguinte) e fomos só com as malas de mão, para nos reunir ao comboio policial que sai para Abu Simbel às 11:00h. Estava um pouco tensa com a estória do comboio, devo dizer. São dois por dia, um às 4:30 e um às 11. Sabíamos que estaria mais quente se fôssemos no das 11, mas o fato é que iríamos dormir em Abu Simbel então não fazia sentido acordar as 3 da manhã...

Bom, o tal comboio policial é uma piada. Funciona assim : todo mundo (ônibus de turismo, vans, carros) se aglomera num lugar X da cidade de origem. Todos vão juntinhos até a barreira policial no final da cidade. E aí é cada um por si. A estrada é uma linha reta, de um lado tem o deserto e de outro o deserto com postes e linhas de transmissão de energia. Não há ramificações da estrada ou outras estradas que a cruzem, mas cada veículo anda na velocidade que quer. Na maior parte das vezes em que abri os olhos estávamos sozinhos na estrada. Foram três horas de viagem, um pouco parecidas com um forninho de microondas - o ar condicionado da van é forte mas o sol é mais. Agora sim estamos perto do Sudão (aimeudeus) - 40 km.

Chegamos em Abu Simbel por volta das 14:00h e fomos para o hotel almoçar e descansar um pouco, para que saíssemos para os templos às 15:45h. O hotel que ficamos chama-se Seti Abu Simbel, e é um 2 ou 3 estrelas disfarçado de 4 estrelas. Mas o cenário é bonito, às margens do Lago Nassar, com os quartos dispostos como numa vila. Quarto razoavelmente bom, ótimo ar condicionado, e só - comida ruim, mas serão poucas refeições aqui.

Na hora combinada partimos para os templos com nosso guia. Entramos pelo visitor center e descemos uma colina (sol bem mais gerenciável, mas toda vez que desço uma colina penso na volta), contornando o templo de Ramses II até chegar à entrada espetacular. É impactante. Breve contexto : Ramses foi o faraó dos faraós, tendo governado o Egito por 63 anos. Dizem que teve 50 mulheres, mas a favorita, principal e mais amada delas era Nefertari. Existe uma teoria de que Nefertari era núbia, ou seja, pertencia ao que dizem ser a mais antiga civilização negra da África e que ficava no vale do Nilo perto da fronteira do Egito com o Sudão (tipo assim onde estou agora).

Ramsés era um cara modesto. Low profile. Na dele. Por isso, resolveu construir um templo básico para ele próprio, escavado numa rocha em Abu Simbel. O templo foi construído de forma a ser um marco na divisão do Egito para o restante da África logo abaixo, e uma maneira de impressionar e amedrontar a turma que tentasse se meter mais a besta. Logo na fachada do templo, são quatro colossos de trinta e tantos metros de altura com a mesma imagem de Ramses sentado com as mãos no joelho (Mohammed nos explicou que esta pose significa algo como "tá dominado, eu mando aqui"). Entrando no templo há um corredor com outras oito estátuas dele, desta vez um pouquinho menores. E ele ainda aparece em diveeeeersos desenhos dentro do templo e, ápice de tudo : na última sala (o "horizonte", onde o tento encontra o chão) há um altar onde ele aparece sentado ao lado do Deus sol (Amun Ra). Isso nunca tinha sido feito antes, colocar o faraó lado a lado com os deuses.

Além disso, Ramsés mandou construir o templo de forma que em 2 dias do ano o sol (que lembrem, era o deus máximo) incidisse no altar : 21 de fevereiro e 21 de outubro, que dizem ser as datas de nascimento e coroação do faraó. A luz do sol incide em 3 das 4 figuras do altar, deixando de alcançar apenas a figura mais à esquerda de quem ollha, o deus da escuridão (me esqueci do nome). Quando construíram o lago Nasser também tiveram que mover o templo de lugar, mas não para uma outra ilha como no caso do templo da Ísis - só colocaram 65m mais alto e 200m mais para dentro. O detalhe é que ao fazer a "mudança" cometeram um erro, e agora o sol incide no altar nos dias 22 de fevereiro e 22 de outubro, datas que provavelmente não querem dizer nada. Ramses deve estar se roendo até agora, mas rola um festival e um monte de gente vai ver o tal "fenômeno".


O templo é enorme, e lindo. Fantásticas as estátuas e desenhos, que mostram Ramsés em várias cenas de herói. Pena que é um forno lá dentro, e olha que na hora em que fomos o sol estava quase indo embora e o templo estava com uma quantidade administrável de japoneses e espanhóis. Ainda assim, calor e tudo, gastei um bom tempo vendo o templo - tivemos que fazer isso sozinhos, pois guias não podem entrar nos templos.



O templo de Nefertari fica ao lado do templo do Ramses, numa distância e proporção suficientes para que ninguém ache por algum engano que os dois templos têm a mesma importância. Nefertari era a rainha, mais bela e mais amada das mulheres de Ramses, e por isso ele construiu este tempo para ela...com quatro estátuas dele na fachada ! Tudo bem que tem duas dela, mas são quatro dele ! Dentro do templo, muitas alusões à deusa Hathor, a deusa da música e da diversão que assumia frequentemente uma forma parcial ou total de vaca (vai saber...). Também muito bonito, menorzinho que o templo do Ramsés mas igualmente quente.





Ficamos para o Sound & Light show, estava incluído no pacote. Outra bobagem, mas valeu por um motivo simples : ver os templos iluminados debaixo do céu estralado mais lindo que já vi. Mágico. Dava até para esquecer dos japoneses e espanhóis.


Voltamos para o hotel, jantamos (comida ruim) e fomos dormir relativamente cedo, já que no dia seguinte tínhamos a viagem de volta para Aswan.

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