sábado, 17 de outubro de 2009

Egito - The Good & The Bad - Parte I (The Bad)

Como tudo na vida, o Egito tem suas coisas boas e suas coisas ruins. Não que as coisas ruins que listo abaixo tenham comprometido a viagem de qualquer forma - de jeito nenhum ! Foi uma viagem maravilhosa, mas tenho meu lado crítico, fresco e exigente que me faz registrar os pontos abaixo. Importante notar que nenhum deles foi supresa para mim, pois já tinha lido sobre virtualmente todos na minha pesquisa pré-viagem. Sabia que o Egito seria maravilhoso apesar disso tudo, e realmente foi.

1 - Sol, calor e clima seco : é o óbvio do óbvio, mas tem um papel importantíssimo na experiência da viagem como um todo. Outubro é (conceitualmente) o ultimo mês quente, e o fim da baixa temporada / início da alta. O sol entre meio-dia e quatro da tarde é absurdo, e o clima é surrealmente seco. Meu kit Kerastase nem começou a dar conta do recado.

2 - Moscas : isso beira o insuportável. Não vemos aquelas cenas de horror de documentários sobre a Índia, mas elas estão em TODOS os lugares, mesmo que em pequena quantidade.

3 - Cecê : muito, mas muito cecê local. Isso me desapontou um pouquinho, achei que a turma aqui era mais limpinha. Mesmo os que trabalham com turismo, muitos têm um cecê inacreditável. Some-se ao cecê local o cecê turístico (majoritariamente europeu) em ambientes fechados como templos e tumbas e tá feito o estrago.

4 - Pobreza : é multi-milenar, tão antiga quanto os templos e tumbas que visitamos. Mas é palpável. Não andamos muito pelo Cairo para fazer uma análise mais profunda da cidade (sem-tetos e afins) mas em todos os lugares que fomos vimos muita pobreza e muitos pedintes. Penso que nós brasileiros sentimos muito mais essa pobreza do que os turistas de primeiro mundo : para eles, faz parte da experiência exótica, enquanto nós temos a realidade muito mais materializada em nossas cidades.

5 - "Segurança" : esse é um tema esquito, vou tentar explicar. Muito ruim estar num lugar onde todos os hotéis e monumentos têm detector de metais nas portas (alguns têm até cachorro para farejar o carro), e onde um sem número de "seguranças" (policiais ou não, uniformizados ou não) anda pela rua e nos monumentos com revólveres e metralhadoras como se estivessem segurando uma máquina fotógráfica. Isso para não mencionar os checkpoints e comboios nas estradas, e até um posto das nações unidas para manter a paz no Sinai. Por outro lado, em nenhum lugar em que estivemos tive medo de alguém me assaltar como acontece no Rio ou em São Paulo - mesmo com os vários pedintes e a pobreza toda.

6 - Sujeira : lógico que não estou falando dos hotéis 5 estrelas. Mas as duas vezes em que tentamos jantar na rua (em Aswan e Dahab) as experiências foram péssimas. O cecê local, o cheiro persistente de cocô de cavalo e camelo e a poeira constante também contribuem para isso. Não víamos muitas latas de lixo nas ruas ou nos hotéis, talvez por conta da segurança anti-bomba.

7 - A paranóia da comida e da bebida : apavoradíssima desde antes da viagem de sofrer os males da tal "mummy tummy", restringi a comida ao minímo necessário - fora três refeições no Cairo, isso significou comer macarrão ou pizza de muzzarela meio mais ou menos nos restaurantes dos hotéis. Além disso a bebida tinha que ser sempre sem gelo, morte para alguém viciado em Coca Zero (curiosidade : Pepsi domina o mercado aqui), especialmente porque muito frequentemente a bebida não estava gelada ao chegar à mesa.

8 - Qualidade do serviço turístico : nossa viagem foi maravilhosa, e muito bem organizada pelo nosso guia particular (vou fazer um post sobre ele depois). Mas de uma forma geral me supreendi com a falta de qualidade do serviço voltado para turismo, especialmente porque turismo é uma indústria forte aqui. Isso passava por um inglês horroso da maior parte das pessoas (tô falando só de quem trabalhava com turismo), e por detalhes que não cabem em hotéis 5 estrelas - como o dono de uma loja no hotel de Luxor nos ligar às 11 da noite para saber se tínhamos pago algo que compramos lá (lógico que tínhamos).

9 - A maldição de gorjeta : esse é um mal entranhado no país. Não importa o quanto você pague por um serviço, eles sempre esperam que você dê gorjeta. Pra qualquer coisa. Pro guia pro motorista, pro maleiro, pro garçom, pro representante da empresa que nos pega no aeroporto, pro vendedor da loja... Soma-se essa cultura à pobreza que falei antes é você é muitas vezes constrangido a dar gorjeta por coisas imbecis : um cara qualquer que chega no templo se oferecendo para tirar uma foto, ou o carinha que fica do lado do checkin no aeroporto pra pegar sua mala do carrinho e colocar na esteira (!). Nesses casos eu simplesmente ignorei, porque achei demais da conta.

10 - Assédio dos vendedores : é um enxame. Eles estão na porta dos monumentos vendendo tudo, e correm para cima de você falando todas as línguas. Ter um guia particular nesse momento é muito bom, porque você vai falando "La, chokram" ou "No, thank you" e se os caras insistirem o guia os manda passear. Nos mercados e nas lojas isso é ainda pior, e cansa. Mas é o kit do lugar, faz parte da cultura. A gente é que não se acostuma com isso.

11 - Golpes pra levar vantagem : tá achando que é só no Brasil ? Aqui tem que ficar de olho aberto, porque alguns que trabalham com turismo acham que todo turista é milionário e mané, e por isso deve ser explorado. Golpes que vimos incluíram "errar" no total da conta, usar uma conversão de moeda extramemente favorável e, ou melhor de todos, tentarem cobrar excesso de bagagem no nosso último vôo doméstico, de Sharm pro Cairo. Bastou eu dizer que já tínhamos feito outros três vôos com as mesmas malas que o carinha da Egyptair mudou de assunto. Mas ele tentou...

12 - Cafonice : sei que ser cafona ou chique depende muito da cultura, mas para nós eles são cafonérrimos, pelo menos os que trabalham com turismo. A cafonice é evidenciada desde a música sempre alta em todos os ambientes até roupas "pseudo-chiques" inacreditáves que tivemos que testemunhar. A pessoa que nos trouxe para o aeroporto hoje estava com uma camisa com listras veritcais finais e tons de azul e uma gravata rosa com listras diagonas. Um pavor. Até o uniforme dos guardas é cafoninha...

13 - Felucca. Barco a vela, falta vento, calor e mosquitos. Nem de graça.

14 - Excursão coletiva local. No Egito, nem pensar. Considerando o que coloquei sobre a qualidade do serviço ligado ao turismo, é simplesmente inviável.

15 - Espanhóis e italianos. Adoro espanhóis e italianos em seus habitats naturais. Aqui, todos que encontramos (e foram muitos) eram mega-barulhentos, e a grande maioria sem nenhuma educação. Muitas saudades dos japoneses :)

16 - Trânsito, bagunça e buzinas : no Cairo em especial, e proporcionalmente em todos os lugares que fomos. Sempre uma confusão, sempre todos buzinando, nada sinalizado. No Cairo chega a ser opressivo.

No próximo post, the good, the better & the amazing.

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