Para já entrar no clima da visita ao Vale dos Reis, parte principal na necrópole de Tebas (atual Luxor), compartilho com vocês algumas coisinhas que aprendi por aqui...
1 - A tumba do faraó começava a ser construída no dia em que ele era coroado. Isso significa que quando morria um faraó a turma que projetava e decorava as tumbas tinha um pico de trabalho - corriam para colocar os detalhes finais na tumba do faraó a ser enterrado, já que no dia da coroação do novo faraó eles já tinham que começar a trabalhar na próxima tumba. Alguns faraós que reinaram pouco, como Tutahkhamun, têm uma tumba modesta porque a turma não teve tempo para trabalhar.
2 - Originalmente, as tumbas eram cavadas no solo como uma cova rasa, e colocava-se o distinto ali dentro. O calor que faz aqui e a aridez do lugar faziam com que o corpo passasse por um processo de mumificação natural. Mas os antigos não se contentaram com isso, e foram trabalhando em duas frentes : uma aprofundando a tumba, e dando a ela o aspeecto de uma construção normal, só que debaixo da terra; em outra frente construindo "andares" de tijolos, uns em cima dos outros, cada um deles menor em comprimento do que o anterior - até chegar à forma da pirâmide de degraus em Sakkara (lembram ? segundo dia de viagem), e depois, à forma definitiva da pirâmide dada por Cheops. Nosso guia deu uma explicação bonitinha para o nome "pirâmide". Seria a concatenação de três palavras : pyr (casa) - ra (deus do sol) - myt (escada). Seriam como quatro escadas para a casa do deus do sol, que o topo da pirâmide tenta alcançar. Adorei.
3 - Sobre a mumificação : um processo que foi evoluindo ao longo do tempo, que envolvia tirar quatro órgãos vitais do mumificado (fígado, intestino, estômago e pulmões) e colocá-los em quatro jarrinhos que eram colocado na tumba junto com o sarcófago e a múmia. Ficavam o coração (para o julgamento final, lembram ? coração e pena colocados na balança) e os rins. Não achei explicação pros rins ficarem. A idéia era que se o faraó fosse para o paraíso ele precisaria dos órgãos vitais para a vida eterna, mas por algum motivo não precisaria de rins... Se ele não passasse no teste da pena, a vida acabava simplesmente - eles não tinham o conceito de inferno. Bom, depois dessa separação dos ógãos vitais o corpo ficava em sal natural por setenta dias, até ficar sequinho. Em seguida, era enrolado com lençóis de linho. E, toque final : na hora de levar a múmia para a tumba os altos sacerdotes abriam a boca do faraó, com dois objetivos - para que ele pudesse comer e beber na vida eterna e porque eles acreditavam que a alma do faraó (que tinha se desprendido em todo esse processo salgado e de julgamento) voltaria ao corpo pela boca.
Horacia também é cultura...
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