Salamanca - Jamón, Jamón y Embutidos

Agora vamos falar sério sobre jamón, e aliás sobre carne de porco e derivados em geral. Logicamente estou falando do jamón ibérico ou jamón jabugo - não é o presuntinho ao qual você está acostumado não... São vários tipos, e todos muito bons. Que você olhando vai dizer : "parece presunto de parma". Não, não parece.

O jamín ibérico porreta, ponta firme, chama-se "jamón ibérico belotta", vem da região da Extremadura (pertinho de Salamanca), de porquinhos chamados "pata negra" porque, bem, têm as patinhas pretas (aliás, o porquinho inteiro é preto) - e que são criados se alimentando com belottas, que são o fruto do carvalho. E o processo de curar o jamón de belotta é naturalmente uma novela, demora anos, coisa e tal. Mas vale a pena :)
Jamón e embutidos em geral são as especialidades de Salamanca - incluindo o chorizo, aquela linguiça meio apimentada que é super gostosa, e a morcilla, aquela salsicha preta que leva de um tudo (inclusive sangue) e que eu não tive coragem de provar. E aqui eles aproveitam tudo, mas tudo tudo do porco. Eu fico no arroz com feijão básico: jamón, chorizo, solomillo (lombinho), pancetta - mas eles comem mão, lábio, orelha e por aí vai. E (acho) o que eventualmente sobra vai pra tal da morcilla. Ah é, pode dar nojo, eu sei - mas, pensando bem, é melhor que aproveitem tudo, certo ?

Um rápido tour pelo mercado, que fica exatamente em frente ao hotel onde ficamos - e fica aberto só até 2pm.

E, depois, o conceito da carne de porco aplicado na prática numa seleção de tapas na chapa do Café Real na Plaza Mayor - montaditos de jamón, solmillo e pancetta. Uma delícia num visual show, comendo, bebendo e vendo Salamanca passar na praça.

Chegamos em Salamanca numa 2a tipo meio-dia, e soubemos que era feriado na parte da tarde. Falha da minha pesquisa prévia, mas vivendo e aprendendo. O Lunes de Aguas é celebrado na tarde da segunda 2a feira depois da Páscoa, e a estória por trás do feriado é no mínimo exótica. Vem dos tempos medievais, quando o Rei Felipe II baixou uma norma (no século XVI) dizendo que durante a quaresma as prostitutas de Salamanca tinha, que ficar fora da cidade, do outro lado do Rio Tormes - até o Lunes de Aguas, quando elas eram liberadas para voltar. E logicamente, o dia do retorno era uma festa danada, com os estudantes da universidade comemorando, tocando música e acompanhando as meninas atravessando o rio em barcos enfeitados. O resto do dia eles passavam comendo, bebendo e comemorando nas margens do rio, e é basicamente isso que a turma faz hoje : uma tarde onde as famílias se reúnem nos parques para comer o hornazo, que é tipo um pastelão de...adivinhem...embutidos ! O hornazo é grandinho, para ser dividido mesmo. Nós comemoramos com uma versão mini.

Pra fechar : um docinho light e foooooofo que tem em Salamanca é a flor. Uma massinha folheada com um pouquinho de açúcar, só isso - mas é ou não é lindo ?

No próximo post, pecando em Salamanca.